A proteção respiratória com o uso de máscaras – artigo Fabio Renato dos Santos 27/04/2022

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fabio Renato dos Santos
Engenheiro de Segurança do Trabalho

Com a chegada da pandemia da Covid-19, muito se discutiu sobre a utilização das máscaras e o quanto elas protegem e são eficazes, além de onde e quando deveríamos usá-las.

Historicamente, a máscara, como elemento filtrante, já era usada na idade média. Outros registros históricos também mostram que os médicos utilizavam um tipo de máscara em formato de grandes bicos de pássaro e que possuíam dois orifícios nas narinas, que eram preenchidas com óleos e fragrâncias fortes.

Mas, afinal, o que é a máscara respiratória? Uma máscara respiratória facial, também conhecida como respirados, é um Equipamento de Proteção Individual (EPI) desenvolvido para filtragem e separação de partículas, como poeiras, névoas, gases vapores, fumaça e produtos químicos e biológicos, ou seja, a separação dos gases maléficos (contaminantes) à respiração humana do oxigênio (ar), que é essencial à vida.

As siglas das máscaras – N95, PFF1, PFF2 e PFF3 – indicam o nível de eficiência do seu filtro respiratório em reter contaminantes presentes no ar, na forma de gotículas e aerossóis.

A peça semifacial filtrante (PFF) é um equipamento de proteção individual que cobre as vias respiratórias (nariz e boca), defendendo-as de possível contágio. A eficácia da peça é avaliada de acordo com a porcentagem de aerossol de teste, capaz de atravessar a sua camada filtrante. A penetração de partículas depende de parâmetros físicos, como tamanho e formato. O fato de ser um microrganismo ou um elemento inorgânico não interfere.

Classe da PFF Penetração Eficácia
PFF1 20% 80%
PFF2 (N95) 6% 94%
PFF3 3 % 97%

As máscaras que utilizamos hoje, no dia a dia, oferecem níveis de proteção bastante diferentes e adequados para cada tipo de situação. E são encontradas vários tipos, desde máscaras de tecido, que foram amplamente confeccionadas por costureiras ou confecções mais elaboradas, como também as que são desenvolvidas por processos industriais e que garantem quase que 100% de filtragem.

Um estudo realizado pelo Laboratório de Física da USP, relacionado à Covid-19, chegou à conclusão que diferentes máscara podem proteger o usuário de 15% até 98%.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neste estudo, os pesquisadores produziram, a partir de uma solução de cloreto de sódio (SAL), partículas de aerossol de tamanho semelhante às que carregam o “coronavírus” no ar (60 a 120 nanometros) e testaram a capacidade das máscaras em reter ou deixar passar essas micropartículas.

Com isso, é possível verificar que a segurança respiratória é mais eficaz com as máscaras do tipo Peça Facial Filtrante – PFF2 (Equivalente à N95), que retêm, aproximadamente, 95% das partículas que caem sobre ela.

Em segundo lugar, ficam as máscaras cirúrgicas, que filtram em torno de 89% das partículas e é mais confortável, pois não possuem o clipe nasal (arame em cima do nariz).

As máscaras de TNT também oferecem proteção que, segundo o estudo da USP, está em torno de 78% de proteção, mas muitas máscaras deste material são irregulares e podem haver brechas por onde o vírus passa. O mais indicado são as máscaras de TNT com três camadas.

Já as máscaras de algodão protegem, em média, 40%, mas alguns modelos testados chegaram a 15% de proteção e outros 70%. Por isso, é interessante seguir algumas recomendações para máscaras de algodão: máscaras com duas ou três camadas protegem mais que as de uma única camada; máscaras com costuras no meio são menos eficientes, uma vez que a máquina de costura faz furos no tecido que permitem a passagem de partículas; as máscaras de algodão devem ser bem ajustadas ao rosto, pois quanto mais vedado o rosto ficar, mais a máscara vai proteger; e máscaras de tecido mais grosso não são recomendadas, pois as linhas que fazem o tecido são mais grossas e os buracos serão maiores entre as tramas.

As máscaras de NEOPRENE podem ter boa eficiência de filtragem, entretanto, como este tecido foi desenvolvido para os surfistas não se molharem, pode dificultar a respiração e, após 15 a 20 minutos, ela vai esquentar demais e vai ser muito difícil o ar ser filtrado pela máscara, o que fará você acabar tirando a máscara para respirar ou falar, resultando na respiração do ar não filtrado.

Antiviral

Existem também máscaras com propriedades antivirais capazes de inativar o vírus, mas isso não deve ser confundido com a capacidade da máscara relacionada à filtragem do ar respirado, que é o fato mais importante em uma máscara.

Algumas pessoas adquirem uma máscara antiviral para se protegem melhor, entretanto, não se atentam que, em alguns casos, estas máscaras são confeccionadas em tecido elástico, o que torna mais fácil a passagem do vírus pelo ar sem ser filtrado.

Outro fator que devemos levar em consideração é a ausência ou existências de pelos faciais nos rostos dos usuários de máscaras, que contribuem ou prejudicam a eficiência do respirador. No entanto, muitos se recusarão a “raspar a barba” e ainda terem de utilizar a máscara. Saliento que pasra ser alcançada a máxima eficiência de um respirador, este deve ter ajuste perfeito no rosto do usuário, e os pelos faciais não deixam que este ajuste seja o melhor possível.

Portanto ao invés de dizer que tal máscara é melhor ou pior, segue a sugestão de mudarmos o foco, deixando claro que a máscara tem de cobrir o nariz e a boca, e que existem tecidos mais eficientes ou menos eficientes na filtragem dos contaminantes.

É importante sempre levar em consideração que a máscara fique sempre bem ajustada ao rosto, tanto na área do nariz quanto nas laterais, ou a filtragem não será eficiente e o ar escapa sem ser filtrado. Além disso, é fundamental salientar que, embora um tipo de máscara seja mais eficiente que outro, o uso de máscaras é essencial à proteção individual e dos indivíduos ao redor e que conosco convivem.

Atenção

Pelo estudo da USP, as máscaras do tipo PFF2 são as que possuem melhor eficiência, só que este tipo de máscara não pode ser utilizada dia após dia, ser lavada e seu uso ser “infinito”.

Na hora da escolha, alguns aspectos devem ser levados em condsideração, como a utilização de cada indivíduo, sua exposição e a carga viral.

Em alguns casos, a troca deverá ocorrer após três ou quatro horas de trabalho e este respirador ser descartado. Em outros, o respirador terá capacidade de ser utilizado um dia inteiro e ser reutilizado após uma semana de repouso sem contato com outras máscaras. O ideal seria para que, nestes casos, uma pessoa tivesse uma máscara para ser usada em cada dia da semana, e após o uso diário, somente a utilizasse novamente na próxima semana.

Portanto, se você quer se proteger e proteger aos que contigo convivem, deverá procurar uma máscara que, além de filtrar o ar, te deixe respirar e te proteja para vencermos a pandemia.