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Sondagem: investimento ou gasto? – artigo Orlando Pozzani Jr. 20/04/2022

 

 

 

 

 

 

 

 

Orlando Pozzani Jr.
Engenheiro Civil e de Segurança

Uma pergunta muito comum feita pelo proprietário ao profissional responsável em grande parte dos projetos é “Mas, é mesmo necessário fazer a sondagem? Isso vai me custar xx reais”.

Isso ocorre porque, no entendimento de muitos, é muito caro pagar todo esse valor “só para fazer aqueles furinhos no terreno”. Neste artigo, a ideia é tentar esclarecer um pouco o assunto.

No mercado, existem vários tipos de sondagens, e a escolha depende, muitas vezes, da complexidade e do porte da obra. Por exemplo, há o ensaio de penetração de cone (CPT); dilatometro de Marchetti (DMT); pressiometro de Menard (PMT); ensaio de palheta (Vane Test) e o mais simples e conhecido de todos, que é o ensaio à percussão de simples reconhecimento (SPT-Standard Penetration Test).

A norma brasileira de fundações NBR 6122 considera o sistema de sondagem à percussão como “indispensável em qualquer tipo de obra”. Esta sondagem é normalizada pela NBR 6484, que fixa o método de ensaio, e pela NBR 8036, que determina a programação da sondagem para fundação de edifícios. Este sistema foi desenvolvido, inicialmente, em 1927, nos Estados Unidos, e foi introduzido no Brasil, em 1938, pelo Eng. Odair Grillo, do IPT.

A sondagem de simples reconhecimento tem como finalidades básicas identificar a profundidade do lençol freático, os diversos tipos de materiais componentes das camadas do subsolo (argilas, areias, siltes, rochas etc.), suas espessuras e a avaliação da consistência ou compacidade das argilas ou areias, respectivamente, metro a metro (SPT). Esta sondagem, como o próprio nome diz, é de simples reconhecimento e, como ocorre nos países desenvolvidos, deveria ser complementada com outros ensaios, conforme listado anteriormente.

Dos resultados de uma sondagem à percussão, os valores de resistência à penetração SPT são os que mais podem sofrer alterações devido à problemas durante a execução dos furos, transmitindo ao engenheiro números que podem não ser a realidade do terreno. O importante, porém, é contratar uma empresa confiável.

Quanto à quantidade de furos de sondagem de simples reconhecimento dos solos para elaboração de projetos geotécnicos para construção de edifícios, a definição está na NBR 8036, conforme segue.

 

Área da projeção em planta da edificação (m²)              Nº mínimo de sondagens:

Até 200                                                                                                                                   2

De 201 a 600                                                                                                                      3

De 601 a 800                                                                                                                      4

De 801 a 1.000                                                                                                                  5

De 1.001 a 1.200                                                                                                              6

De 1.201 a 1.600                                                                                                              7

De 1601 a 2.000                                                                                                               8

De 2.001 a 2.400                                                                                                              9

Acima de 2.400                                                                                     conforme plano particular da obra

 

Nos estudos de viabilidade ou de escolha do local, o número de sondagem deve ser fixado de forma que a distância máxima entre elas seja de 100 metros, com um mínimo de três sondagens.

Quando o número de sondagens for três, ou superior, elas não devem ser distribuídas ao longo de um mesmo alinhamento. Como normalmente as empresas de sondagem cobram uma taxa mínima, recomendamos que seja feito pelo menos três furos.

Com os resultados de uma sondagem bem feita e confiável, o engenheiro projetista pode definir o tipo de fundação mais segura e econômica. Afinal, toda obra e, consequentemente, todo o dinheiro serão colocados sobre a fundação projetada e construída.

Recomenda-se, ainda, a execução de sondagens antes mesmo da aquisição de uma área onde se pretende implantar um projeto de vulto, pois o custo de uma fundação pode, muitas vezes, até inviabilizar comercialmente este empreendimento.

Outra recomendação importante para a execução de sondagens refere-se ao caso de aquisições de indústrias, que, além de se tomar conhecimento prévio das características físicas do subsolo, pode-se verificar o “passivo ambiental”, isto é, se o local não foi utilizado como depósito de produtos químicos, por exemplo. Neste caso, o comprador acaba assumindo todo o ônus pela recuperação.