Atento a demanda de construtoras e incorporadoras, o Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP criou em março o Grupo de Trabalho para Carros Elétricos (GT Carros Elétricos), formado por colaboradores de empresas associadas, como o Eng. Eletricista Marcelo Guaranha, gerente de Qualidade, Pós-entrega e Sustentabilidade Corporativa da Construtora Adolpho Lindenberg.
Entre as frentes de trabalho do grupo, o Engenheiro cita as diretrizes para projeto e execução da infraestrutura para o carregamento dos veículos elétricos, representadas pela ampla discussão junto aos projetistas dos sistemas prediais; sistemas para recarga e gerenciamento da demanda elétrica, debate conduzido junto aos fornecedores / fabricantes; debate técnico junto aos órgãos públicos (prefeituras e Corpo de Bombeiros, por exemplo); orientações quanto a instalação, uso e operação dos sistemas, refletido nas adequações feitas na documentação técnica de entrega dos empreendimentos e nos Manuais de Uso, Operação e Manutenção das unidades e áreas comuns; e o desenvolvimento de atividades para disseminação do conhecimento em Seminários Técnicos promovidos pelo SindusCon-SP.
“A concepção de empreendimentos com pontos de recarga para veículos elétricos é uma realidade presente em produtos de diversas construtoras e incorporadoras desde 2016, tempo em que a presença de veículos eletrificados era muito pequena e os carregadores eram poucos e vistos como ‘diferenciais’ de produto. Nos últimos anos, no entanto, a explosão das vendas de veículos trouxe a reboque o desafio de desenvolver projetos que pudessem acomodar essa demanda dentro dos parâmetros de segurança e conformidade técnica, abarcando todas as etapas de concepção: premissas técnicas para projeto, controle da execução da infraestrutura destinada aos carregadores e estendendo-se até o usuário, abordando os aspectos associados ao uso e operação desses sistemas”, destacou o membro do CTQ.
Para o Eng. Marcelo Guaranha, no contexto da mobilidade associada a transição para uma matriz energética de baixo carbono, o carro elétrico é uma tecnologia cuja demanda só irá aumentar. “Os indicadores da indústria mostram que o crescimento na comercialização de veículos híbridos e elétricos tem crescido de forma exponencial. Em comparação com os veículos a combustão os eletrificados têm como grande vantagem a menor emissão de carbono durante seu funcionamento (zero no caso de veículos 100% elétricos) e a menor demanda para manutenções uma vez que há menor quantidade de componentes mecânicos. No campo dos desafios destaco a disponibilidade e distribuição dos pontos de recarga”, salientou. Mesmo com uma rede de distribuição de energia ainda deficitária no país, ele acredita que no curto prazo os veículos eletrificados irão prevalecer no cenário da mobilidade nos grandes centros urbanos.
Edificações
A adequação das edificações, de acordo com o Engenheiro, é crucial para que o sistema funcione de forma segura e correta, e vai além dos aspectos físicos e técnicos uma vez que o papel do usuário também é fundamental. “Independentemente de o empreendimento possuir ou não a infraestrutura para a instalação dos carregadores todo o processo deve ser conduzido por um profissional tecnicamente habilitado. Essa pessoa será responsável pela avaliação das condições de projeto, das condições físicas existentes e pela coordenação das partes interessadas objetivando a elaboração de um projeto e execução de um sistema que esteja adequado as características da edificação. Esse profissional também deverá informar e orientar os gestores dos empreendimentos quanto aos aspectos relacionados ao uso, operação e manutenção segura dos sistemas”, explica.
No universo dos condomínios, o Engenheiro alerta que as decisões devem ser tomadas no âmbito das assembleias para que sejam estabelecidas regras únicas que deverão ser seguidas por todos os condôminos. Ele também faz recomendações diretamente aos usuários para reduzir os riscos de acidentes:
- Usar somente os carregadores que sejam compatíveis com os respectivos veículos; é fundamental que o carregador tenha dispositivos de proteção específicos associados ao monitoramento das condições da rede e do veículo, simultaneamente;
- Utilização de tomadas que não sejam alimentadas por circuitos específicos para os carregadores. Vale ressaltar que esses circuitos devem ser dedicados e devem contar com as proteções associadas ao circuito e ao usuário (Disjuntores, DR´s e DPS´s);
- Não efetuar o carregamento de bicicletas elétricas, patinetes, scooters e similares no interior das unidades;
- Atenção as situações de uso dos veículos que possam causar danos físicos as baterias – acidentes e/ou impactos nos locais onde estão as baterias. Nesses casos recomenda-se que o veículo seja imediatamente encaminhado à concessionária para avaliação das condições de operação das baterias.
Legislação
O Engenheiro defende que as legislações sobre o tema levem em consideração o contexto e o tempo de vida de cada empreendimento, assim como se a edificação é pública ou privada, para que a definição de requisitos e as adequações sejam colocadas de forma evolutiva, estabelecendo caminhos e soluções técnicas e de conformidade legal.
“As incorporadoras/construtoras tem atuado de forma ativa – polarizadas pelo SindusCon SP – no sentido do entendimento dos requisitos e da busca de soluções técnicas viáveis que venham ao encontro à conformidade técnica e a segurança no uso e operação para todas as configurações de edificações, estejam elas em projeto, em construção ou já entregues”, salienta.
Corpo de Bombeiros
No início de abril o Corpo de Bombeiros lançou uma consulta pública sobre prevenção e combate a incêndios provocados em estações ou vagas de recarga de veículos elétricos. “O fato de a portaria publicada pelo Corpo de Bombeiros estar aberta a consulta pública é uma demonstração de que a matéria deve ser discutida no sentido amplo. É justamente isso que o SindusCon-SP está fazendo, conversando de forma ativa com o Corpo de Bombeiros e fomentando a participação ativa dos principais elementos da cadeia em busca do entendimento do que será o papel e o peso de cada um no processo de adequação aos novos requisitos que serão estabelecidos”, concluiu. Acesse o texto da consulta pública pelo link – https://www.imprensaoficial.com.br/downloads/pdf/edicao/20240405EXEC1SUP.pdf